Estudo aponta que UE investe mais em criação de animais do que em cultivo de plantas, impactando a transição alimentar.

Um estudo divulgado recentemente na revista científica Nature Food revelou que mais de 80% dos fundos públicos da Política Agrícola Europeia estão sendo direcionados para a criação de animais, em detrimento do cultivo de plantas. Essa alocação desigual de recursos está impactando a transição alimentar na União Europeia, tornando as dietas baseadas em produtos de origem animal mais baratas do que deveriam ser.

De acordo com a pesquisa, os subsídios da Política Agrícola Comum da UE estão beneficiando principalmente os produtores de alimentos de origem animal, que utilizam 82% desses recursos, sendo 38% destinados diretamente à produção animal e 44% para alimentação dos animais. Esses investimentos favorecem a criação de gado, que demanda mais espaço e recursos do que o cultivo de plantas, contribuindo para a ineficiência na produção de alimentos e para o agravamento dos impactos ambientais.

O estudo aponta que a atual política agrícola da UE está em desacordo com os objetivos de neutralidade climática estabelecidos para 2050. A produção de carne bovina, por exemplo, requer 20 vezes mais terra do que a produção de nozes e 35 vezes mais do que a produção de grãos, resultando em uma maior emissão de gases de efeito estufa. Essa abordagem está comprometendo a transição alimentar para uma dieta mais saudável e sustentável, pois os alimentos de origem animal são responsáveis por grande parte das emissões de gases de efeito estufa incorporadas na produção de alimentos na UE.

Para muitos especialistas, os resultados do estudo são alarmantes e evidenciam a necessidade urgente de uma revisão nas políticas agrícolas da União Europeia. A introdução de incentivos para práticas agrícolas mais sustentáveis e amigáveis ao meio ambiente é essencial para promover uma transição alimentar mais equilibrada e ecologicamente responsável.

Enquanto a reforma da PAC para o período de 2023-2027 propõe a alocação de um quarto dos pagamentos diretos a regimes ecológicos, muitos agricultores têm demonstrado insatisfação e resistência a essas mudanças. Manifestações contra as políticas verdes e novas regulamentações têm ocorrido em vários países da UE, complicando o cenário para a implementação de medidas mais sustentáveis no setor agrícola.

Nesse contexto, o estudo traz à tona a urgência de repensar a forma como os subsídios agrícolas são distribuídos na União Europeia, visando promover uma transição alimentar mais equitativa, saudável e sustentável para o futuro.

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