A pesquisa divulgada nesta segunda-feira (15) também revelou que as milícias reduziram suas áreas em 19,3% no mesmo período, representando agora apenas 38,9% dos territórios controlados por grupos criminosos. Esta mudança de cenário se deu principalmente devido ao crescimento do CV na Baixada Fluminense e no Leste Metropolitano, além das perdas significativas das milícias na Baixada e na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro.
O pesquisador Daniel Hirata, do Geni/UFF, destacou que a morte de Ecko, uma das principais lideranças das milícias, provocou instabilidade no grupo e abriu espaço para que outras facções aproveitassem para avançar em suas áreas de atuação. Além do CV, o Terceiro Comando Puro (TCP) e os Amigos dos Amigos (ADA) também tiveram recuos de 13% e 16,7%, respectivamente, de 2022 para 2023.
A pesquisa também apontou que, nos últimos 15 anos, houve um aumento expressivo no controle territorial das facções criminosas na região metropolitana do Rio de Janeiro. Em 2008, 8,8% da área construída na região era controlada por grupos criminosos, percentual que mais do que duplicou em 2023, chegando a 18,2%.
Diante deste cenário, a diretora de Dados e Transparência do Fogo Cruzado, Maria Isabel Couto, ressaltou a importância de políticas públicas voltadas para desarticular as redes econômicas que sustentam os grupos armados, bem como para garantir a proteção de funcionários públicos que atuam em áreas vulneráveis. Enquanto não houver uma abordagem eficaz para lidar com essas questões, a oscilação de poder entre as facções continuará sendo uma realidade no Grande Rio.