Uma das últimas divulgações foi da Estação Primeira de Mangueira, que escolheu o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude entre Dores e Paixões”. O objetivo da escola é explorar a presença negra na região central do Rio de Janeiro, desde influências ancestrais até a realidade atual da população negra. O carnavalesco Sidnei França destaca a valorização dos saberes e práticas da comunidade afrodescendente.
Outras escolas também estão apostando em enredos que valorizam a cultura negra, como a Acadêmicos do Salgueiro, com o tema “Salgueiro de Corpo Fechado”, que abordará a busca pela proteção espiritual. A Unidos do Viradouro levará para a avenida a história de Malunguinho, líder de quilombo que aprendeu segredos de ervas com indígenas.
A importância desses enredos é ressaltada pelo professor Ivanir dos Santos, que destaca a resistência cultural, social e espiritual dos fundadores das escolas de samba. Ele enfatiza que o carnaval carioca, com sua grande visibilidade nacional e internacional, contribui para a luta antirracista ao trazer pautas ligadas à afrodescendência.
Além disso, a representatividade negra ganha destaque no contexto em que Portugal reconhece a escravidão como um crime a ser reparado. Nesse cenário, os enredos que contam histórias de negritude se tornam ainda mais relevantes para promover a dignidade dos povos de terreiros e quilombolas, além de contribuir para uma democracia mais inclusiva no Brasil.
Enquanto algumas escolas optaram por enredos não ligados diretamente a temas afro, como a homenagem à Laíla pela Beija-Flor de Nilópolis e o estado do Pará pela Acadêmicos do Grande Rio, a diversidade de propostas promete um carnaval rico em narrativas e celebrações. Aguardamos ansiosamente pelos desfiles das demais agremiações que ainda não divulgaram seus enredos.
