Segundo Bernardo Rocher, professor de história contemporânea da Universidade Federal Fluminense (UFF), a diplomacia brasileira assumiu uma postura de moderação, buscando construir um acordo de cessar-fogo e criar um corredor humanitário para a população de Gaza, que está sendo bombardeada. Ao evitar conflitos e aprofundamento das tensões, o Brasil agiu como um gerente, atuando como um moderador e não como um ator político. Essa postura foi bem vista pelos países árabes, mas pode ter criado atritos com Israel e Estados Unidos.
Em relação a Israel, Rocher destacou que o Brasil apontou para um caminho independente e soberano, o que gerou algumas divergências. Para o professor, Israel espera uma submissão total ao seu ponto de vista, enquanto o Brasil busca um posicionamento mais equilibrado. Quanto aos Estados Unidos, Rocher destacou que eles não costumam aceitar que outros países assumam a liderança em momentos como esse. O Brasil, ao tentar construir protagonismo e liderança na diplomacia internacional, pode ter desagradado os norte-americanos.
Eduardo Saldanha, professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná, por outro lado, argumentou que o papel de moderador desempenhado pelo Brasil inviabiliza a negociação com Israel, uma vez que o país teria que considerar o Hamas um grupo terrorista. Segundo Saldanha, a falta de firmeza do Brasil causa desconfianças e demonstra uma fraqueza diplomática.
Apesar das divergências, Gustavo Mendes de Almeida, pesquisador do Observatório de Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil (Opeb), considera que o Brasil agiu corretamente ao não se vincular diretamente a Israel e ao condenar os ataques do Hamas. Para ele, a ampla aceitação da resolução brasileira, com exceção dos Estados Unidos, demonstra que a diplomacia brasileira soube planejar e articular sua proposta. Almeida ainda ressalta que a atuação do Brasil na presidência do Conselho fortalece o pleito do país por um assento permanente na ONU, destacando sua postura pacifista e o papel de promover a paz.
Em resumo, o Brasil desempenhou um papel de mediador e buscador de soluções pacíficas durante sua presidência no Conselho de Segurança da ONU. Sua atuação foi elogiada pelos países árabes, mas pode ter gerado desgastes nas relações com Israel e Estados Unidos. Apesar das divergências, especialistas consideram a atuação brasileira positiva e destacam a importância da diplomacia brasileira na busca pela paz internacional.