Essa exoneração ocorre um dia após Carlos Afonso ter sido afastado por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A determinação aconteceu no contexto de uma operação que investiga o suposto uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar autoridades durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo as investigações em andamento no Supremo Tribunal Federal, Carlos Afonso ocupava um cargo de direção na Abin e fazia parte do “núcleo de alta gestão” da agência, atuando em conjunto com o então diretor-geral Alexandre Ramagem, que também foi alvo da operação.
O inquérito aponta que Ramagem, policiais e delegados da PF cedidos para a Abin, além de servidores da agência, seriam membros de uma suposta organização criminosa que realizava o monitoramento ilegal de autoridades públicas, em um caso conhecido como “Abin paralela”.
Tudo indica que o monitoramento ilegal ocorria por meio do programa espião First Mile, adquirido pela agência em 2018. Esse equipamento, produzido por uma empresa israelense de defesa cibernética, possibilita o monitoramento da localização dos alvos por meio de seus celulares.
Até o momento, a Agência Brasil não obteve resposta da defesa de Carlos Afonso. A operação desencadeada levou o ex-presidente Bolsonaro a publicar um vídeo antigo, no qual Ramagem afirma que o programa espião foi adquirido durante a gestão do ex-presidente Michel Temer.
Ramagem, por sua vez, classificou a operação como “perseguição” e negou ter tido acesso às senhas do sistema de monitoramento. A repercussão desse caso deve continuar a movimentar o cenário político nas próximas semanas.