Conflito Entre Ministro de Minas e Energia e Presidente da Petrobras
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reconhece que há um conflito entre seu papel e o do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, mas diz ver as divergências como salutares e não pessoais.
“Sempre tive debates acalorados, verdadeiros. Mas debates transparentes sobre o que eu, como governo, defendo na Petrobras; e o presidente da Petrobras, naturalmente, [defende] como presidente de uma empresa. Os papéis são diferentes. Por isso há um conflito”, afirma à Folha.
Uma das divergências recentes foi na destinação de dividendos aos acionistas. Prates defendia distribuir 50% dos recursos extraordinários, mas Silveira e o conselho discordaram diante de discussões sobre o fôlego da estatal para investimentos —inclusive em energia limpa.
A decisão final de reter os recursos na empresa causou reação de investidores na bolsa e tirou bilhões em valor de mercado da companhia. Para o ministro, que compara o episódio a uma marola ou ao barulho causado por biscoitos de polvilho, não há pressa para voltar a discutir o tema.
Opiniões e Relações entre os Gestores
O ministro revelou que as divergências entre ele e Prates são saudáveis e baseadas em argumentos técnicos. Silveira evitou fazer comentários sobre a gestão do presidente da Petrobras, deixando essa avaliação a cargo do presidente da República.
Em relação aos dividendos extraordinários, Silveira defende que sejam pagos no momento em que a governança da Petrobras achar oportuno. Ele enfatiza a importância de a empresa visar não apenas lucros exorbitantes, mas cumprir com suas missões estabelecidas legalmente.
Apesar das diferenças, o ministro destaca que a relação entre ele e Prates, tanto pessoal quanto profissional, é muito boa. Ambos têm frequentes conversas e discutem questões estratégicas, sempre respeitando a autoridade de cada um.
Perfil de Alexandre Silveira
Alexandre Silveira, 53
Ministro de Minas e Energia. É delegado aposentado da Polícia Civil de Minas Gerais. Foi diretor-geral do Dnit (entre 2004 e 2005), deputado federal, secretário do governo de Minas Gerais e senador.