No século 19, Eça de Queiroz ironicamente expõe a impossibilidade de se manter a nobreza.

A Ilustre Casa de Ramires: Um romance metalinguístico repleto de ironias e contradições

O mais recente lançamento da Coleção Folha Clássicos da Literatura Luso-Brasileira é “A Ilustre Casa de Ramires”, obra final do renomado escritor português Eça de Queiroz. Publicada em vida pelo autor, a narrativa nos transporta para o século XIX e nos apresenta Gonçalo Ramires, herdeiro de uma família nobre em decadência.

Gonçalo, solteiro e habitante de uma extensa propriedade no interior de Portugal, busca reafirmar a importância do seu sobrenome ao aceitar um convite para participar de uma antologia de literatura nacional. Decidido a escrever um romance histórico sobre seus antepassados, o protagonista se depara com desafios e obstáculos durante todo o processo de escrita.

O livro de Queiroz é uma obra metalinguística, pois narra a própria escrita do romance pelo protagonista. Assim, nos deparamos com uma ficção dentro da ficção, explorando os percalços e a vaidade de Gonçalo ao tentar concretizar sua obra literária.

Um detalhe saboroso sobre a empreitada literária de Gonçalo é que, antes mesmo do convite para a antologia, ele já havia planejado escrever um romance histórico em dois volumes. Chegou a comemorar sua realização com um jantar entre amigos, mesmo sem ter começado a escrever efetivamente. Tal é a sua vaidade e convicção de que seria um escritor.

Porém, diante da oportunidade de publicar uma obra em uma antologia com um limite de 30 páginas, Gonçalo se sente aliviado e finalmente motivado. No entanto, sua falta de talento e criatividade o leva a recorrer a um poema épico escrito por um antepassado da família, tentando transformá-lo em prosa e questionando se estaria cometendo plágio.

Ao longo da narrativa, o narrador nos mostra a procrastinação de Gonçalo, que só consegue produzir sob a pressão do seu editor. O protagonista alimenta rancores contra um antigo amigo de infância, André Cavaleiro, utilizando métodos como cartas anônimas e espalhar boatos, tudo em busca de benefícios pessoais.

“A Ilustre Casa de Ramires” apresenta ao leitor contemporâneo um protagonista cheio de contradições, questionável e generoso ao mesmo tempo, com convicções frágeis e gestos heroicos, mas também covardes. O livro se revela como uma representação irônica de uma individualidade tosca, de acordo com as palavras do professor de literatura Adriano Schwartz.

Para os interessados em adquirir o livro, a Coleção Folha informa que ele já está disponível através do site colecoes.folha.com.br. Além disso, é possível entrar em contato pelo telefone (11) 3224-3090 (Grande São Paulo) ou 0800 775 8080 (outras localidades). Para os leitores de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, há frete grátis na compra da coleção completa. O valor para a coleção completa é de R$ 638,44 para assinantes da Folha e R$ 751,10 para os demais leitores. Também é possível adquirir os volumes avulsos pelo valor de R$ 25,90 cada, ou R$ 150,22 por lote avulso.

Em “A Ilustre Casa de Ramires”, Eça de Queiroz nos presenteia com uma obra que nos convida a refletir sobre a decadência da nobreza, a vaidade do ser humano e a intrincada relação entre ficção e realidade.

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