Professora e líder sindical, Élide Maria Bueno deixa legado marcante na defesa da educação pública e na luta pelos direitos dos docentes.



Professora Élide Maria Bueno: uma vida dedicada ao magistério e à luta sindical

O magistério e a mobilização sindical marcaram a carreira e a vida da professora Élide Maria Bueno. Sua busca pela valorização dos docentes foi impulsionada em 1989, quando ela foi eleita a primeira presidente do Sismmac (Sindicato do Magistério Municipal de Curitiba).

Sua participação no cenário sindical então só aumentou, com destaque para a atuação no APP-Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná) e na diretoria estadual da CUT (Central Única dos Trabalhadores).

“Foi uma grande companheira nas mobilizações da categoria e fez da sua trajetória um grande legado para a luta em defesa da educação pública de qualidade”, publicou o APP-Sindicato, destacando os feitos da professora enquanto diretora sindical e escolar. “Sempre presente nas trincheiras de luta.”

Nascida entre oito irmãos num sítio de Araruna, passou por várias outras cidades do Paraná e também em Cáceres (MT) e Cuiabá. Chegou a trabalhar num banco, mas sua paixão pela educação venceu. Formou-se em letras e se especializou em técnicas agrícolas.

“Élide lutava para que a escola fosse boa e o profissional, reconhecido, dando o melhor de si, sempre. Uma profissional e um ser humano respeitável, reconhecida por todos os colegas e alunos”, diz a amiga Maria Angélica Marochi.

“Seu grande amor foi a militância, sua rotina desde que chegou a São José dos Pinhais [PR] na década de 1980. O fazia com muita dedicação e disciplina”, conta a sobrinha Karinna Bueno. “Apoiou governos e candidaturas contra o neoliberalismo. Nunca se manteve neutra. Era rígida e dura em suas posições, o que gerava animosidades, mas também pessoas que aprenderam e seguiram seu caminho.”

Muito apegada à família, a professora gostava de doces rurais, pão molhado no café, costela assada, feijoada, camarão, praia e sol. Tinha gosto por trabalhar, dar palestras, ir a reuniões e viajar. Gostava de flores e festa junina, que fazia sempre em sua casa, “uma reunião cheia de amigos, familiares e toda a militância”, diz Karinna.

Afetuosa, cuidou dos pais até a velhice. Adorava MPB, festas de Natal, carteado.

“Ela foi uma estrela guia, quebrou barreiras para que nós, mulheres, pudéssemos brilhar na vida, na educação e na política. Foi mãe sem gerar, foi filha sem esmorecer, foi mentora sem que lhe pedissem, foi líder sem precisar de holofotes. Acreditou que um mundo melhor é possível e lutou por isso até o fim. Foi o alicerce para nunca deixar a luta, exemplo de coragem e disciplina. Asas para quem precisasse, sempre ao seu lado”, resume Karinna.

Élide morreu em 31 de janeiro, vítima de um câncer. “Uma mulher à frente de sua geração”, conclui o irmão, Joel Bueno.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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