A líder quilombola assassinada na Bahia já sofria ameaças por seis anos, segundo informações do filho.

No último dia 18, Jurandir Wellington Pacífico, filho de Bernadete Pacífico, concedeu uma entrevista onde afirmou que sua mãe vinha sofrendo ameaças há pelo menos seis anos e acredita que ela tenha sido vítima de um crime de mando.

Durante entrevista à Folha, Jurandir afirmou que o crime foi encomendado e que o responsável foi pago para executá-lo. Ele também ressaltou que seu irmão também foi vítima de um crime semelhante em 2017 e que teme ser o próximo alvo.

Mãe Bernadete, líder quilombola e ialorixá, foi assassinada na última quinta-feira dentro de sua casa na comunidade quilombola Pitanga de Palmares, em Simões Filho, na região metropolitana de Salvador.

Bernadete estava com seus netos quando dois homens, usando capacetes, chegaram ao local e abordaram a família. Enquanto os netos foram trancados em um quarto, a ialorixá foi assassinada com 14 tiros.

A vítima já havia recebido ameaças anteriormente e fazia parte de um programa de proteção ao testemunho do governo da Bahia. Câmeras de segurança foram instaladas em sua residência e no entorno, e policiais realizavam visitas periódicas, embora não houvesse vigilância constante.

De acordo com Jurandir, a comunidade Pitanga de Palmares era alvo de disputas políticas e especulação imobiliária, além de estar envolvida em conflitos de terras. Esses fatores podem estar relacionados ao crime.

O irmão de Jurandir e filho de Bernadete, Flávio Gabriel Pacífico, também foi vítima de assassinato em 2017, próximo à escola da mesma comunidade quilombola. Conhecido como Binho do Quilombo, ele era um dos líderes quilombolas mais respeitados da Bahia.

O assassinato de Flávio chegou a ser apurado pela Polícia Civil da Bahia, mas posteriormente foi transferido para a Polícia Federal, que ainda não concluiu as investigações sobre a morte do quilombola.

Jurandir acredita que se as autoridades tivessem solucionado o caso há anos, talvez o assassinato de sua mãe poderia ter sido evitado. Ele agora cobra respostas do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e do ministro da Justiça, Flávio Dino.

A Superintendência Regional da Polícia Federal na Bahia informou que foi instaurado um inquérito para investigar a morte de Maria Bernadete e que o caso de Flávio está sendo apurado, destacando que todos os esforços estão sendo empregados para esclarecer a autoria dos homicídios.

Jurandir finalizou a entrevista destacando que sua mãe era símbolo de luta e resistência, e faleceu lutando. A perda é dolorosa para ele e sua família.

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