Estudo revela que mutação genética é responsável pelo desenvolvimento da Apraxia de Fala na Infância.

Novos avanços científicos prometem trazer esperanças para crianças brasileiras que sofrem de Apraxia de Fala na Infância (AFI). A Associação Brasileira de Apraxia de Fala na Infância (Abrapraxia), juntamente com o Centro de Estudo do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP), realizaram um mapeamento genético inédito que identificou 18 novos genes responsáveis por esse transtorno, que afeta duas em cada 1.000 crianças no Brasil.

Pela primeira vez, a pesquisa sobre a Apraxia de Fala foi conduzida no país, somando-se aos estudos já realizados nos Estados Unidos e na Austrália. O estudo, que durou cerca de dois anos, analisou 93 crianças previamente diagnosticadas com Apraxia de Fala grave, buscando identificar as alterações genéticas associadas ao transtorno. A AFI interfere na capacidade de produzir os sons da fala, mesmo quando a criança sabe o que quer dizer. O cérebro falha em enviar os comandos necessários aos órgãos articulatórios, como a língua, os lábios e a mandíbula.

A descoberta dos 18 novos genes é considerada um avanço mundial na busca pela origem desse transtorno neurológico. Maria Rita Passos Bueno, geneticista e pesquisadora do Centro de Estudo do Genoma Humano da USP, explica que esses genes podem explicar a Apraxia de Fala quando apresentarem alterações significativas. Além disso, genes que nunca haviam sido associados à apraxia de fala ou a problemas de fala foram incluídos no estudo, ampliando substancialmente os conhecimentos já existentes.

A aplicação desses conhecimentos também pode ter um impacto importante no planejamento familiar de casais que tenham uma criança com o transtorno. Através da análise genética, é possível determinar se há a possibilidade de transmitir a mutação para outros filhos. Maria Rita enfatiza a importância dessa informação para os pais, que muitas vezes se sentem culpados ou preocupados com a possibilidade de errarem novamente.

A Abrapraxia, fundada em 2016 por três famílias com filhos diagnosticados com o transtorno, busca oferecer suporte e informação para essas famílias. Além disso, a pesquisa também teve um impacto significativo no aspecto psicológico das famílias das crianças com Apraxia de Fala, diminuindo a ansiedade e a culpa.

A pesquisa será publicada em revistas científicas internacionais da área de genética, com o objetivo de levar o conhecimento obtido para a comunidade científica global. A Abrapraxia já apresentou os resultados na conferência Apraxia Kids 2023 National Conference, que ocorreu no Texas em julho.

No Brasil, o diagnóstico correto desse transtorno não é comum, assim como ocorre com crianças com autismo e outros distúrbios neurológicos. Isso se deve à falta de conhecimento por parte dos profissionais de saúde e educação. Portanto, a pesquisa genética se torna ainda mais importante para um diagnóstico preciso e um melhor tratamento para as crianças afetadas pela Apraxia de Fala na Infância.

Mais informações sobre a Apraxia de Fala na Infância podem ser encontradas no site e nas redes sociais da Abrapraxia.

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