Investimentos nas universidades federais brasileiras em 2021 e 2022 foram os menores em 22 anos, aponta levantamento da Unifesp.

O Brasil está passando por um momento de baixo investimento em ciência e tecnologia, especialmente nas universidades federais. De acordo com o painel Financiamento da Ciência e Tecnologia, divulgado pelo Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência (Sou Ciência), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), os investimentos em 2021 e 2022 foram os menores em 22 anos.

Segundo o levantamento, em 2021, as verbas destinadas a investimentos nas 69 instituições de ensino federais totalizaram R$ 131,6 milhões, a menor quantia anual desde o ano 2000. Em 2022, foram R$ 188,7 milhões, o segundo menor montante anual de recursos investidos nas universidades públicas federais desde 2000.

É importante destacar que, sob o governo de Jair Bolsonaro, os orçamentos totais das universidades federais tiveram redução ano a ano, totalizando uma perda de R$ 8,7 bilhões durante seu mandato. Isso representa uma diminuição de 14% nos investimentos, revertendo o crescimento constante que ocorria desde o início do século.

A coordenadora do Sou Ciência e reitora da Unifesp de 2013 a 2021, professora Soraya Smaili, afirmou que o recuo dos investimentos nos últimos anos prejudicou não só a área de pesquisa das universidades, como também a sociedade que se beneficia dessas instituições. Segundo ela, as universidades federais estão com centenas de obras paradas e problemas graves em suas infraestruturas, impactando o ensino, a pesquisa e a extensão.

No período de 2000 a 2022, os quatro anos com maior valor de investimento nas universidades públicas federais foram 2014 (R$ 1,5 bilhão), 2013 (R$ 1,2 bilhão), 2011 (R$ 1,19 bilhão) e 2012 (R$ 1,12 bilhão). O painel também destaca que, entre 2000 e 2002, o governo Fernando Henrique Cardoso criou cinco universidades federais, seguido por oito universidades criadas por Lula no primeiro mandato (2003 a 2006) e seis no segundo (2007-2010). Já Dilma Rousseff criou quatro universidades no primeiro mandato (2011-2014), e Michel Temer criou cinco universidades entre setembro de 2016 e dezembro de 2018. Bolsonaro criou apenas uma em 2019.

O painel Financiamento da Ciência e Tecnologia foi lançado recentemente e está disponível no site da Unifesp para acessibilidade, trazendo à tona a urgência de uma discussão sobre os investimentos e o futuro da ciência e tecnologia no país.

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