Redefinição de fronteira com a Guiana aumenta especulações sobre risco de conflito armado na Venezuela

Especialistas divergem sobre o risco de conflito armado entre Venezuela e Guiana

No domingo (3), os venezuelanos vão às urnas para decidir sobre a redefinição da fronteira com a vizinha Guiana. O que tem gerado preocupações é a possibilidade de um conflito armado entre os dois países. Especialistas ouvidos pela Agência Brasil têm opiniões diferentes sobre o assunto e analisam a crise que se instalou entre os vizinhos na América do Sul.

O professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Williams Gonçalves, acredita que há a possibilidade de guerra e que ela pode envolver grandes potências estrangeiras. Para ele, a disputa não se trata apenas de um território, mas sim da apropriação de um mar de petróleo. Segundo Gonçalves, a Venezuela procura fortalecer sua posição política interna e, ao mexer em uma questão consensual, como a incorporação de Essequibo ao território venezuelano, busca apoio para as próximas eleições.

Por outro lado, a professora de geopolítica da Escola Superior de Guerra (ESG), Mariana Kalil, acredita que a postura da Venezuela sobre a Guiana atende prioritariamente a interesses políticos internos e que uma ofensiva militar é improvável. Ela explica que mudanças políticas e econômicas na Guiana aumentaram a desconfiança do governo venezuelano e alimentaram um discurso de interferência dos Estados Unidos na América Latina.

A Guiana, um país tradicionalmente pobre, tem vivenciado um boom econômico nos últimos anos devido à descoberta de reservas significativas de petróleo e gás natural. Isso a torna um ponto de interesse para grandes potências como os Estados Unidos, China e Rússia, o que aumenta a complexidade do cenário.

Com o acirramento das tensões na América do Sul, o papel do Brasil para evitar o aprofundamento da crise e uma guerra na região também é colocado em pauta. Tanto Mariana Kalil quanto William Gonçalves concordam que o Brasil, por seu histórico de mediação de conflitos e sua relação diplomática com a Venezuela, tem a capacidade de transitar entre os dois países e encontrar soluções. O Ministério da Defesa brasileiro informou que tem acompanhado a situação e intensificou suas ações na fronteira norte do país, com um aumento da presença de militares na região. Já o Ministério das Relações Exteriores defende que Venezuela e Guiana busquem uma solução pacífica para a controvérsia.

Com a incerteza sobre o desenrolar desse impasse, a região se encontra em um ponto critico de tensão geopolítica e a comunidade internacional está atenta aos desdobramentos dessa crise. Inúmeras questões econômicas, políticas e de segurança estão em jogo, o que torna o cenário complexo e imprevisível.

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