Os dados apresentados pela pesquisa também apontam para um problema grave no que diz respeito à denúncia desses casos. Apenas 44% das médicas que relataram os casos às suas superiores viram resultados em suas queixas, o que representa somente 11% do total. A situação piora quando observamos que pouco mais de 10% das mulheres levaram suas denúncias às autoridades policiais ou ao Judiciário e, dessas, apenas 5% viram suas queixas investigadas ou os responsáveis sendo punidos.
Maria Rita Mesquita, médica e membro da Associação Médica Brasileira, enfatiza que as mulheres médicas enfrentam uma série de dificuldades em sua vida profissional e que é necessário que a sociedade as ouça de forma mais atenta. Entre as dificuldades citadas por Mesquita estão o excesso de trabalho, a dupla jornada, a baixa remuneração, as condições inadequadas de trabalho, o desrespeito, o machismo e a misoginia.
A pesquisa foi realizada por meio de uma plataforma online e contou com a participação de mais de 1,4 mil médicas de todo o Brasil. Vale ressaltar que a margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais.
Diante desse cenário preocupante, a Associação Médica Brasileira oferece um canal de denúncias para médicas, onde as vítimas recebem orientação jurídica sobre como proceder diante dos casos de assédio, preconceito e demais situações de violência no ambiente de trabalho.
É fundamental que a sociedade, as instituições de saúde e os órgãos competentes estejam atentos a essas questões e que sejam adotadas medidas para combater o assédio, o preconceito e a violência contra as mulheres médicas. A criação de grupos de discussão e ações efetivas são essenciais para garantir um ambiente de trabalho seguro e respeitoso para todas as profissionais da área médica.