Uso de câmeras corporais por policiais no Rio de Janeiro contribui para queda de 45% em mortes por intervenção policial

No estado do Rio de Janeiro, as mortes por intervenção de policiais tiveram uma redução significativa de 45% no mês de janeiro em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com dados recentemente divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Essa queda foi atribuída pelo pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Robson Rodrigues, ao uso de câmeras corporais por policiais militares e civis.

O uso de câmeras operacionais portáteis em seus uniformes foi iniciado no mês de janeiro pelos policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil. A Secretaria de Estado da Polícia Militar informou que mais de 12 mil aparelhos já foram implantados para serem utilizados pelos agentes em serviço.

Para Robson Rodrigues, a utilização das câmeras trouxe uma certa contenção de condutas, tanto dos policiais individualmente quanto da instituição como um todo. Há uma expectativa de que essa medida possa promover uma mudança nos protocolos e na maneira de agir das instituições policiais, visando se adequar aos parâmetros legais e se aperfeiçoar, contribuindo para uma atuação mais eficaz em um Estado democrático de Direito.

No entanto, o coordenador de defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública, André Castro, ressaltou a importância de uma supervisão eficaz do programa de uso das câmeras para garantir que ele atinja os resultados esperados. O investimento nessas tecnologias é fundamental para a segurança pública, mas é essencial que haja uma gestão adequada para que as imagens gravadas estejam disponíveis quando necessário.

Além disso, os dados do ISP também apontaram uma queda de 15% no índice de letalidade violenta no estado do Rio de Janeiro em janeiro, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Essa redução no número de vítimas foi a menor registrada desde 1991, segundo o ISP.

O professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e membro do grupo de trabalho sobre Redução da Letalidade Policial do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Daniel Hirata, destacou que o ano anterior foi marcado por conflitos territoriais entre milicianos e traficantes de drogas. Ações mais cirúrgicas e pontuais das forças policiais podem ter contribuído para a diminuição das mortes violentas no estado.

Em resumo, a implementação das câmeras corporais pelos policiais e a redução da letalidade violenta são indícios de que medidas estão sendo adotadas para promover uma atuação mais eficaz e responsável das instituições policiais no Rio de Janeiro. A supervisão contínua e a análise dos resultados serão essenciais para verificar a eficácia dessas ações ao longo do tempo.

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