No primeiro ano do terceiro mandato do presidente Lula, o Palácio do Planalto enfrentou uma série de derrotas na análise de vetos pelo Congresso Nacional. Segundo cientistas políticos e congressistas ouvidos por especialistas, as dificuldades vão desde a amplitude e heterogeneidade da base de apoio do governo até a disparidade entre os perfis dos atuais titulares do Executivo e do Legislativo.
De acordo com levantamento exclusivo do Congresso em Foco, publicado recentemente, deputados e senadores derrubaram 91 trechos de vetos presidenciais em 2023, o que representa 40% das decisões apreciadas. Esse número é significativamente maior do que no primeiro ano do governo Bolsonaro, em 2019, quando apenas 10,04% dos vetos analisados foram derrubados.
Uma das grandes derrotas do governo Lula foi o veto do marco temporal das terras indígenas e o da desoneração da folha. Algumas dessas derrotas podem ser creditadas a erros de análise do Palácio do Planalto, de acordo com parlamentares da base e da oposição ouvidos sob anonimato.
Integrantes da oposição e da base aliada alegam que o Judiciário e o Executivo desconsideraram, em determinados momentos, a vontade do Congresso, desfazendo decisões tomadas pelos parlamentares.
O presidente Lula tem feito acenos ao Parlamento, ensaiando uma aproximação maior com deputados e senadores este ano, sob a coordenação do ministro Alexandre Padilha e do líder do Governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues entre outros.
As tensões entre o governo Lula e o Congresso Nacional continuam em alta, em especial em relação aos vetos do Orçamento que têm gerado atritos entre os poderes. O ano que se inicia promete ser menos conturbado para o governo Lula, uma vez que grande parte dos congressistas terá foco nas eleições municipais e os esforços políticos se voltarão para essa direção.
Reportagem: Gabriella Soares
Ciência de dados: Lucas Vinicius
Design: Thiago Freitas
Edição: Sylvio Costa, Edson Sardinha e Carlos Lins