Avanços no tratamento do câncer de mama permitem que pacientes possam engravidar durante o intervalo terapêutico

Natasha Vilhena, uma administradora de 27 anos, descobriu que tinha câncer de mama em dezembro de 2015, após sentir um caroço durante um banho. Determinada a resolver a situação, Vilhena passou por uma cirurgia para remover o tumor e depois realizou sessões de quimioterapia e radioterapia. Para preservar sua fertilidade, ela decidiu fazer um congelamento de óvulos antes de iniciar o tratamento. Após completar três anos de hormonioterapia, Vilhena recebeu permissão dos médicos para tentar engravidar, e após cinco meses, ela descobriu que estava grávida. Sua filha, Leonor, nasceu saudável no início de 2021, e Vilhena retomou a hormonioterapia após três meses de amamentação.

A história de Vilhena reflete um novo cenário no tratamento do câncer de mama, onde a paciente e seus desejos pessoais, como o sonho de ter filhos, passam a ser considerados durante o planejamento terapêutico. De acordo com médicos entrevistados pela BBC News Brasil, os avanços no tratamento possibilitam colocar a paciente no centro dos cuidados, considerando outros aspectos de sua vida.

O aumento no número de casos de câncer de mama em mulheres mais jovens e a tendência de adiar a maternidade são dois fenômenos que causam um dilema para essas pacientes. Muitas são diagnosticadas com a doença justamente no momento em que planejavam engravidar, colocando em risco o sonho de ser mãe devido aos possíveis efeitos colaterais do tratamento.

Antigamente, era comum que as mulheres gerassem filhos mais cedo, enquanto agora é mais comum adiar a maternidade para progredir na carreira e adquirir estabilidade financeira. No entanto, o diagnóstico de câncer de mama muitas vezes ocorre nesse momento de planejamento familiar.

No passado, falar sobre gravidez durante o tratamento do câncer de mama era um tabu entre médicos e pacientes, mas isso está mudando. Um estudo chamado “Positive”, conduzido por cientistas do Instituto do Câncer Dana-Farber, da Universidade Harvard, comprovou que interromper a hormonioterapia para tentar uma gravidez é seguro.

No estudo, 497 mulheres com câncer de mama que desejavam engravidar foram acompanhadas, e 74% delas engravidaram e 63,8% tiveram um bebê. Além disso, a interrupção do tratamento e a gravidez em si não representaram uma ameaça à saúde das mulheres.

Atualmente, médicos se sentem mais confortáveis para considerar a maternidade durante o tratamento do câncer de mama, desde que a mulher seja saudável o suficiente para engravidar e esteja no estágio inicial da doença, além de apresentar tumores com receptores hormonais. O câncer de mama com receptor hormonal positivo representa cerca de 70% dos casos, o que significa que essa abordagem é aplicável a muitas pacientes.

No entanto, interromper o tratamento depende de uma série de critérios, como a resposta ao tratamento inicial e a avaliação individual de cada paciente. Essa possibilidade oferece esperança para mulheres que enfrentam o dilema de ter que escolher entre o tratamento do câncer de mama e a possibilidade de ter filhos.

O avanço no tratamento do câncer de mama permitiu que histórias como a de Natasha Vilhena se tornassem possíveis. Agora, as decisões terapêuticas são tomadas levando em consideração não apenas a eficácia do tratamento, mas também as prioridades e desejos pessoais das pacientes.

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