Diálogo ruim afunda plano de Aras de continuar como PGR perante opinião bolsonarista.

O caso envolvendo o empresário bolsonarista Edgard Corona Nigri ganhou mais um capítulo. A Polícia Federal descobriu que Nigri recebeu um pedido do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro para repassar mensagens com ataques às urnas eletrônicas, com a instrução de fazê-lo “ao máximo”. Essa ação foi confirmada pelo próprio Bolsonaro, colocando em xeque a defesa de Nigri, que afirmou ter apenas “perguntado a opinião” ao procurador-geral da República, Augusto Aras.

A proximidade manifestada entre Nigri e Aras, bem como a relação próxima do PGR com Bolsonaro, dão uma conotação diferente à consulta feita pelo empresário. Aras, inclusive, emitiu seu juízo de valor antes mesmo da realização da consulta, o que levou a PGR a solicitar ao STF o trancamento da investigação contra Nigri e outros empresários.

Uma reportagem da Folha de S.Paulo, assinada por Marcelo Rocha e Fabio Serapião, publicada em agosto do ano passado, revelou que Aras ficou irritado com a operação da Polícia Federal de busca nas residências dos empresários bolsonaristas do grupo, pois interpretou isso como uma demonstração de desconfiança do STF em relação à PGR.

Além disso, o portal Jota informou que nos celulares apreendidos pela PF havia trocas de mensagens entre os empresários bolsonaristas e Aras, nas quais eram feitas críticas ao ministro Alexandre de Moraes e comentários sobre a candidatura de Bolsonaro.

É importante ressaltar que as omissões graves da PGR ao longo de quatro anos contribuíram para o ambiente propício à tentativa de golpe de Estado ocorrida no dia 8 de janeiro, com a invasão e vandalismo nas sedes dos Três Poderes. Aras reclamou diante das críticas, mas é inegável que suas ações ou a falta delas tiveram um papel significativo na construção desse cenário.

Diante dessas revelações, as investigações contra Nigri e outros empresários bolsonaristas devem continuar, uma vez que há indícios de participação deles em ações que colocam em risco a democracia brasileira. Resta agora aguardar os desdobramentos desse caso e a postura que o PGR tomará diante das evidências apresentadas.

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