Eleições na Argentina geram decepção e incerteza entre moradores da região da Recoleta em Buenos Aires.

No último domingo (22), a Argentina realizou eleições que deixaram a região da Recoleta, um dos bairros mais ricos e turísticos de Buenos Aires, em clima de decepção. Apesar da tarde tranquila, com moradores passeando com seus cachorros e idosos aproveitando os bancos da praça, a votação que colocou Sergio Massa e Javier Milei no segundo turno, excluindo Patricia Bullrich, causou uma sensação de incerteza entre os residentes.

Reconhecido como um bastião do PRO, partido do ex-presidente Mauricio Macri, que representa a centro-direita ou direita tradicional do país, a região foi onde Patricia Bullrich obteve seu melhor resultado: 58% dos votos, muito acima da média nacional (24%). Agora, a questão é para qual lado seus apoiadores irão no segundo turno, marcado para 19 de novembro.

Alguns estão indecisos, como Josefina Peña, aposentada de 77 anos, que diz estar numa “encruzilhada” e até pensando em não votar. Ela está zangada com Bullrich, pois após as eleições, ela deu um abraço em Milei e o perdoou por insultá-la de “montonera [guerrilheira] assassina”. Além disso, ela não concorda com a situação atual do país, mencionando o alto valor do dólar e a inflação. Segundo Josefina, quando ela foi à província de Buenos Aires, pôde testemunhar a pobreza e a dificuldade de escolher itens básicos para comprar no mercado.

Outros, como Jessica, nutricionista e bióloga de 50 anos, apoiam Milei devido à sua preparação e argumentam que é necessário um controle rígido, sem negociações, para lidar com questões como a educação e as greves nas ruas. Ela afirma que a mudança é necessária e acredita que Bullrich foi corajosa ao aceitar os insultos de Milei. Jessica também menciona a possibilidade de fraude eleitoral e apoia a posse livre de armas, assim como Milei.

Gustavo Carmona, desenvolvedor de software de 49 anos, também votará em Milei, mas não acredita que todos os eleitores de Bullrich seguirão o mesmo caminho. Ele repete a teoria da conspiração sobre a possível fraude eleitoral e menciona as polêmicas em torno das declarações de Milei contra o papa, jornalistas e radicais, que levaram à ruptura da coalizão liderada por Macri. Carmona questiona como Milei poderá contar com o apoio daqueles que ele insultou ao longo da campanha.

De acordo com Carmona, as propostas de Milei deveriam se concentrar em dolarizar a economia para controlar a inflação, melhorar o apoio às forças de segurança e pressionar o sistema judiciário para que cumpram as penas adequadas. Ele alega que 90% dos problemas do país são causados ​​por pessoas que saem da prisão antes de cumprir suas penas integrais.

Agora, resta aguardar o segundo turno para saber como essas divergências se refletirão nas urnas e qual será o resultado final dessa eleição polarizada na Argentina.

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