Inovação no tratamento do Parkinson: Aparelho desenvolvido por pesquisadores reduz sintomas debilitantes para quase zero







Aparelho desenvolvido por pesquisadores reduz sintomas do Parkinson

Aparelho desenvolvido por pesquisadores reduz sintomas do Parkinson

Um aparelho desenvolvido por pesquisadores da Universidade Harvard e da Universidade de Boston, nos EUA, mostrou que é possível reduzir a quase zero um dos sintomas mais debilitantes da doença de Parkinson. O sistema é capaz de evitar os episódios de “congelamento” que afetam os portadores dessa doença degenerativa e impede que eles caminhem normalmente.

“O aparato robótico não exige a atenção do usuário, nem seus recursos cognitivos. Ele funciona de forma automática e não é preciso nenhum treinamento para usá-lo”, disse, em entrevista à Folha, a pesquisadora Terry Ellis, da Universidade de Boston. Ellis é uma das coordenadoras de um novo estudo sobre a abordagem publicado recentemente na revista especializada Nature Medicine.

Por enquanto, o aparelho foi testado em apenas um paciente, um homem de 73 anos que, sem esse auxílio, apresenta episódios de congelamento com frequência. Um vídeo divulgado pela equipe de pesquisa mostra a diferença entre suas tentativas de caminhar sem ajuda e os efeitos do aparato.

“As origens do processo de congelamento são complexas, pouco compreendidas e multifatoriais”, afirma Ellis. Até onde se sabe, o problema está ligado à falta do neurotransmissor (mensageiro químico do cérebro) dopamina em áreas cerebrais importantes para o movimento. Isso é esperado, uma vez que problemas na produção de dopamina estão na raiz do mal de Parkinson. Além disso, com a doença, também ocorrem desequilíbrios em outros neurotransmissores.

“Tudo isso leva à quebra do ritmo natural da caminhada, alterando o momento em que os passos são dados, e também na escala do movimento —os passos ficam muito curtos, levando à instabilidade e ao congelamento”, diz ela.

O aparelho desenvolvido pelos cientistas americanos é um exemplo de “robótica mole”, usando cabos flexíveis com sensores e pequenos motores em volta dos quadris e das coxas do paciente. Grosso modo, o sistema funciona dando um empurrãozinho extra na flexão dos quadris no momento exato da passada que, sem essa ajuda, resultaria em passos mais curtos.

No vídeo abaixo, é possível ver a diferença quando o homem com Parkinson anda sem o robô (no suit) e com o robô (assist on).

“Impedir a degradação das passadas —ou seja, evitar que elas fiquem mais curtas— parece ser suficiente para impedir que o congelamento acabe surgindo”, analisa Ellis.

Em ambientes fechados, com efeito, os episódios de congelamento praticamente desapareceram. Além disso, o paciente recuperou a capacidade de caminhar e falar ao mesmo tempo sem “travar”, o que parecia impossível minutos antes. Por outro lado, caminhar ao ar livre ainda envolve episódios ocasionais de congelamento.

“Isso acontece porque as superfícies ao ar livre são mais rugosas e menos uniformes —a assistência proporcionada pelo aparato robótico talvez precise ser ajustada para acomodar a presença desse tipo de ambiente. Vamos fazer mais testes para poder otimizar o sistema para caminhadas ao ar livre”, afirma a pesquisadora.

Por esse e outros fatores, ainda não há previsão para a disponibilidade comercial do aparelho, embora os resultados iniciais sejam encorajadores.


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