O GSI não leva em consideração alertas da Abin e protege o ex-ministro G. Dias durante investigação em 8 de janeiro.

No dia 8 de janeiro, ocorreu uma invasão aos Três Poderes no Brasil, e o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) conduziu uma sindicância para investigar o incidente. Nesta investigação, o ex-ministro da pasta e general da reserva Gonçalves Dias, conhecido como GDias, foi isentado de qualquer responsabilidade.

No entanto, as conclusões da sindicância ignoraram o fato de que GDias recebeu alertas da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) por mensagens de celular antes dos ataques. Essas mensagens, trocadas entre GDias e o ex-diretor-adjunto da Abin Saulo Moura da Cunha, mostram que o ex-ministro atuou para omitir seu nome em documentos enviados a autoridades.

No diálogo, GDias pediu para que seu nome fosse retirado de uma lista de pessoas que receberam os informes sobre as manifestações golpistas. Ele também solicitou que fosse enviado um novo documento em substituição ao anterior, que deveria ser lacrado.

Essas conversas entre Cunha e GDias foram apresentadas à CPI do 8 de janeiro como prova de que o ex-ministro havia mandado omitir das autoridades o fato de ter recebido os alertas da Abin. No entanto, a sindicância conduzida pelo GSI ignorou esses fatos e recomendou investigar a responsabilidade de outros quatro militares, sem mencionar a participação de GDias.

Além disso, as mensagens e os relatórios da Abin, revelados pela Folha, contradizem a versão apresentada pelo GSI na sindicância. Enquanto a sindicância concluiu que o GSI não recebeu os informes da Abin e do setor de inteligência do governo do Distrito Federal sobre os protestos, as mensagens mostram que GDias recebeu diretamente os alertas no período de 5 a 8 de janeiro.

Essa investigação interna do GSI também absolveu GDias, afirmando que ele atuou “de acordo com o esperado de uma autoridade em sua posição naquela situação”. No entanto, os dados do celular de Cunha, entregues por ele mesmo à CPI, mostram diversas trocas de mensagens com GDias sobre a mobilização golpista.

Apesar de GDias admitir que pediu a edição do relatório da Abin enviado ao Congresso Nacional, a sindicância do GSI não considerou essa ação como adulteração ou fraude. Para GDias, a modificação foi necessária para que o documento se tornasse a “expressão da verdade”.

No total, a sindicância recomendou apuração disciplinar contra quatro militares e mudanças no Plano Escudo e nas Regras de Engajamento diante de indícios de falhas na execução. Entretanto, as conclusões da investigação interna foram questionadas devido à omissão dos alertas recebidos por GDias e à falta de responsabilização do ex-ministro.

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