O New York Times planeja processar a proprietária do ChatGPT alegando violação de direitos autorais, conforme relatado por uma estação de rádio.

O New York Times está buscando maneiras de proteger sua propriedade intelectual contra empresas de inteligência artificial que utilizam dados disponíveis na internet para desenvolver tecnologia. De acordo com a rádio pública dos EUA, NPR, os advogados do jornal estão até considerando entrar com uma ação judicial contra a OpenAI, criadora do ChatGPT.

O NYT e a OpenAI têm negociado um acordo para garantir um pagamento pelo uso legal das matérias do jornal no treinamento de IAs. No entanto, como as discussões não têm avançado, o veículo de imprensa está considerando uma abordagem legal para resolver a questão.

Conforme a NPR relata, pessoas próximas ao caso que preferem não ser identificadas afirmam que o New York Times demonstra sinais de tensão com a OpenAI, embora o jornal se recuse a comentar o assunto diretamente à rádio.

O processo de raspagem de dados da internet, que é essencial para o desenvolvimento de inteligência artificial, é realizado por empresas do setor sem a necessidade de permissão. Nos Estados Unidos, não há uma definição clara sobre a legalidade desse procedimento.

A coordenadora de cultura e conhecimento do InternetLab, Alice Lana, explica que a política de propriedade intelectual para treinamento de IAs pode variar em cada país. Ela menciona que países como Estados Unidos, Japão, Singapura e alguns países da União Europeia já fizeram alterações legislativas que permitem a mineração de dados e textos em bancos de dados, sem violação de direitos autorais. A ideia é que o conteúdo seja processado por máquinas e não aproveitado por pessoas.

Essas alterações visam garantir segurança jurídica no desenvolvimento de inteligências artificiais geradoras. No entanto, nos EUA, a exceção à lei de propriedade intelectual se aplica apenas a fins de pesquisa.

Enquanto a OpenAI e o New York Times buscam resolver essa questão, o ChatGPT, desenvolvido pela OpenAI, pode se tornar um concorrente direto do jornal, oferecendo respostas às perguntas do público. A inteligência artificial indiretamente utiliza material produzido e publicado pelo jornal.

Esse cenário é amplificado quando buscadores como Google e Bing, da Microsoft, que concentram grande parte do tráfego da internet, utilizam a inteligência artificial geradora de texto para fornecer respostas diretamente em seus próprios sites, sem redirecionar o usuário à fonte original.

Caso um juiz determine que a OpenAI violou os direitos autorais do jornal, a empresa poderá ser obrigada a destruir o ChatGPT e criar uma nova inteligência artificial que utilize apenas dados autorizados. A lei americana prevê multas de até R$ 150 mil por cada violação intencional.

Essas conversas entre o New York Times e a OpenAI vêm à tona após o jornal anunciar que não fará parte de um grupo de veículos de imprensa que está negociando com as grandes empresas de tecnologia condições para o uso de conteúdo noticioso de propriedade privada. Essa iniciativa é liderada pelo fundador da Fox, Barry Diller.

Em junho, a CEO do NYT, Meredith Kopit Levien, durante o Festival de Cannes, afirmou que estava na hora das empresas de tecnologia pagarem um valor justo pelo acesso aos arquivos de jornais.

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