Setor de construção civil teme mudanças nas regras do FGTS, afirma diretor-presidente da construtora Tenda

A construção civil é um setor altamente impactado pelas taxas de juros, especialmente devido aos financiamentos de longo prazo. Com a expectativa de queda da taxa Selic, o setor espera uma melhora em sua situação, mas ainda existe um risco para os negócios voltados à moradia de baixa renda: a possível mudança nas regras de remuneração do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

De acordo com Rodrigo Osmo, diretor-presidente da construtora Tenda, se não houver cuidado na forma como essa mudança é feita, pode haver consequências negativas para a população carente. A discussão sobre a remuneração do FGTS está em andamento no Supremo Tribunal Federal e pode afetar o financiamento do programa Minha Casa, Minha Vida.

A construtora Tenda está passando por um período de recuperação após registrar um prejuízo significativo em 2022. Segundo Osmo, parte dessa recuperação está relacionada às mudanças implementadas pelo governo no programa Minha Casa, Minha Vida, que fortaleceram a faixa destinada a famílias de baixa renda.

No primeiro semestre deste ano, o programa representou 60% do faturamento total da empresa, mas após a implementação das mudanças, passou a representar 100% do faturamento. Como resultado, as ações da Tenda se valorizaram mais de 200% no ano, tornando-a a incorporadora com a maior alta na Bolsa.

Osmo atribui essa confiança dos investidores à percepção de que a empresa conseguiu superar as dificuldades enfrentadas devido à pandemia, assim como ao foco do governo no programa Minha Casa, Minha Vida e à posição privilegiada da Tenda nesse segmento.

Quanto aos juros, Osmo destaca a sensibilidade do setor de construção civil a essas taxas, especialmente no segmento de média e alta renda. Porém, para a baixa renda, a dinâmica é diferente, uma vez que os recursos vêm do FGTS, que possui uma taxa prefixada. Osmo ressalta a importância de se ter cuidado ao mexer na dinâmica de remuneração do FGTS, pois isso pode afetar negativamente a habitação popular.

Ele argumenta que o FGTS é o principal fundo de desenvolvimento social do Brasil e desempenha um papel fundamental na promoção da habitação popular. Por isso, qualquer mudança nas regras de remuneração deve ser pensada com cautela para não causar prejuízos à população carente.

A empresa tem buscado dialogar com o Judiciário e acredita que alguns ministros compreenderam os argumentos apresentados. O objetivo é evitar consequências negativas para a população carente e preservar o modelo de promoção da habitação popular do FGTS, que é reconhecido internacionalmente.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo