Os subsídios e gastos globais com combustíveis fósseis estabeleceram um novo recorde de US$ 7 trilhões em 2022.

Subsídios aos combustíveis fósseis atingem recorde de US$ 7 trilhões em 2022, revela relatório do FMI

Um relatório divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) revela que os subsídios globais aos combustíveis fósseis alcançaram um recorde total de US$ 7 trilhões no ano de 2022. Este aumento ocorre à medida que os governos em todo o mundo tentam proteger os consumidores do aumento dos preços da energia causado pela invasão russa à Ucrânia.

De acordo com o estudo, os subsídios ao carvão, petróleo e gás natural representaram 7,1% do Produto Interno Bruto (PIB) global, o que é superior aos investimentos em educação e equivale a dois terços dos gastos em saúde. O valor total estimado pelo FMI inclui os chamados subsídios implícitos, que resultam na cobrança inferior dos governos em relação aos custos ambientais da queima de combustíveis fósseis, como poluição do ar e aquecimento global.

A maior parte dos subsídios contabilizados engloba essa categoria em específico, especialmente por causa do aumento do consumo de combustíveis fósseis nos países em desenvolvimento. Os autores do relatório preveem que esse valor continue crescendo nesse sentido.

Aumento das temperaturas globais e subsídios explícitos

O relatório do FMI chega em um momento crítico, uma vez que o mundo enfrenta as temperaturas médias mensais mais altas já registradas. Os cientistas atribuem, principalmente, o aumento dessas temperaturas à queima de combustíveis fósseis durante a era industrial.

Os subsídios “explícitos”, definidos como os consumidores pagando menos do que os custos de fornecimento de combustíveis fósseis, aumentaram significativamente desde a última avaliação do FMI em 2020. O valor triplicou, passando de US$ 500 milhões para US$ 1,5 bilhão em 2022.

Globalmente, os líderes não estão cumprindo as metas

O FMI concluiu que o aumento dos subsídios explícitos ocorreu devido a medidas temporárias de apoio dos governos, que são esperadas para diminuir. No entanto, os líderes do G20 concordaram em eliminar gradualmente os subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis desde 2009, mas ainda não cumpriram completamente essa promessa.

A região da Ásia Oriental e do Pacífico foi responsável por quase metade do subsídio total global, sendo a China o maior fornecedor de subsídios aos combustíveis fósseis, seguida pelos Estados Unidos, Rússia, União Europeia e Índia.

Dificuldades na conferência COP28 da ONU

A preparação para a conferência COP28 da ONU, que ocorrerá nos Emirados Árabes Unidos, tem desapontado especialistas e ativistas climáticos. O objetivo dessa conferência é fazer um “balanço global” do progresso dos países que se comprometeram com a redução das emissões, de acordo com o Acordo de Paris de 2015.

A redução de emissões em 43% até 2030 é necessária para manter o aquecimento global dentro do limite de 1,5°C, estabelecido pelo acordo. Infelizmente, as emissões continuam aumentando anualmente, mesmo com os esforços internacionais.

Em maio deste ano, os líderes do G7 não conseguiram estabelecer um prazo para a eliminação progressiva do uso do carvão sem captura de emissões. Em meio à crise energética resultante da invasão russa à Ucrânia, o G7 afirmou que o investimento público no setor de gás poderia ser uma resposta temporária para o problema.

Nas negociações climáticas do G20 no mês passado, a China e a Arábia Saudita impediram o progresso na discussão de questões cruciais, como as metas de emissões de gases do efeito estufa, de acordo com negociadores que falaram ao Financial Times.

Desafios climáticos globais

Este ano está caminhando para se tornar o terceiro mais quente já registrado, podendo ultrapassar 2016 como o ano mais quente da história moderna, conforme indica o Programa de Observação da Terra da União Europeia. Ondas de calor simultâneas e inundações recorde afetaram grandes partes dos Estados Unidos, Europa e Ásia em julho, e a tendência é que esses extremos climáticos se tornem mais frequentes e intensos com o aumento das temperaturas.

Em suma, os subsídios aos combustíveis fósseis estão atingindo níveis recordes, apesar dos compromissos internacionais para reduzir as emissões e combater as mudanças climáticas. O FMI alerta que é necessário um maior esforço dos governos para eliminar esses subsídios e investir em fontes de energia renovável, a fim de mitigar os efeitos do aquecimento global.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo