De acordo com as entidades, esses implantes, conhecidos como “chip da beleza”, são prescritos como estratégia para emagrecimento, tratamento da menopausa, antienvelhecimento, redução da gordura corporal, aumento da libido e da massa muscular. Apesar de conterem inúmeras substâncias, geralmente são compostos por testosterona ou gestrinona, um progestágeno com efeito androgênico. Além disso, combinações contendo estradiol, oxandrolona, metformina, ocitocina, outros hormônios e NADH também são produzidas.
O problema é que esses implantes não são aprovados pela Anvisa para uso comercial e produção industrial, sendo manipulados e não possuindo bula ou informações adequadas de farmacocinética, eficácia ou segurança. A exceção é o implante de etonogestrel, chamado de Implanon, que é aprovado como anticoncepcional. Os médicos alertam que não existe dose segura para o uso de hormônios para fins estéticos ou de performance e os efeitos colaterais dos dispositivos podem ser imprevisíveis e graves, com os riscos ultrapassando qualquer possível benefício.
Os problemas gerados pelo uso desses implantes vão desde complicações cardíacas, como infarto agudo do miocárdio, até complicações cutâneas, renais, musculares e infecções. Além disso, manifestações psicológicas e psiquiátricas, como ansiedade, agressividade, dependência, abstinência e depressão, têm se tornado cada vez mais comuns.
Diante dessas preocupações, as entidades médicas pedem que a Anvisa aprimore o controle do uso de esteroides anabolizantes e regulamente a manipulação de medicamentos somente pela via de administração na qual o medicamento foi registrado. Até o momento, a Anvisa não se manifestou sobre o pedido das entidades, que incluem a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, entre outras.
Portanto, o “alarmante e crescente” uso de implantes hormonais que contêm esteróides anabolizantes tem levado especialistas em saúde a pedirem providências à Anvisa para regularizar a situação e proteger a população dos riscos associados a esses dispositivos.