Indígena Pataxó é assassinada em conflito com fazendeiros e policiais na Bahia: irmão do cacique também é baleado.

Hoje, 21 de janeiro, um conflito entre indígenas, policiais militares e fazendeiros resultou na trágica morte de Nega Pataxó, irmã do cacique Nailton Muniz Pataxó, do povo indígena Pataxó-hã-hã-hãe. O incidente aconteceu no território Caramuru, localizado no município de Potiraguá, no extremo sul da Bahia. Além do assassinato de Nega Pataxó, o cacique e outra liderança indígena foram baleados, cujo estado de saúde ainda não foi divulgado.

A Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) informou que o conflito também resultou em duas pessoas espancadas, uma mulher com o braço quebrado e outras pessoas que foram hospitalizadas, mas sem gravidade. A situação levou à prisão de dois fazendeiros por porte ilegal de arma.

De acordo com a Apib, a retomada de uma fazenda por parte dos indígenas como parte do território Caramuru teve início na madrugada de ontem, 20 de janeiro. A mobilização dos ruralistas da região, realizada via WhatsApp, resultou em um cerco aos indígenas por homens chegados ao local com dezenas de caminhonetes. A mobilização online convocava fazendeiros e comerciantes a realizar a reintegração de posse da fazenda com suas próprias mãos.

A Apib critica fortemente os desmandos e a intransigência dos fazendeiros invasores, os quais acusam o povo de ser “falso índio”. A aprovação do marco temporal intensifica a violência contra os indígenas, que enfrentam todo tipo de violência por parte dos invasores. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram um dos feridos no chão, cercado pelo grupo de ruralistas comemorando a ação violenta. Segundo a Apib, policiais também teriam participado da violência.

A Apib exige o acompanhamento das autoridades e a apuração do caso. A organização reitera que a demarcação das terras indígenas é crucial para amenizar a escalada de violência que atinge os povos da região sul da Bahia. A Agência Brasil tentou contato por e-mail com o Departamento de Comunicação Social da Polícia Militar da Bahia, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.

O assassinato de Nega Pataxó e os ferimentos causados aos outros indígenas são um trágico exemplo da violência e dos conflitos que envolvem a questão da terra e dos direitos indígenas no Brasil. É crucial que as autoridades atuem de forma eficaz para evitar o agravamento dessa situação e garantir a segurança e a proteção dos povos indígenas.

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