Fotógrafos desafiam ditador Figueiredo: a história por trás do episódio ‘Máquinas ao chão’ no Palácio do Planalto

No dia 24 de janeiro de 1984, um grupo de fotógrafos marcou a história da cobertura política durante a ditadura no Brasil com um ato de resistência conhecido como “Máquinas ao chão”. O gesto de ousadia aconteceu no Palácio do Planalto, menos de 20 anos após o golpe de 1964, durante a presidência de João Figueiredo.

Os profissionais da imagem se recusaram a fotografar o presidente devido a atritos anteriores e ao tratamento desrespeitoso que recebiam. Um episódio marcante foi quando Figueiredo, após um acidente de cavalo, ao colocar um paletó por cima do gesso no braço e coçar o rosto, causou tensão entre os fotógrafos.

A situação se agravou quando os fotógrafos foram impedidos de entrar no gabinete presidencial para registrar as reuniões, resultando na proibição de acesso ao local. Diante dessas limitações, os profissionais decidiram, em 24 de janeiro de 1984, colocar as câmeras no chão assim que o presidente desceu a rampa.

Após o protesto, os fotógrafos não receberam reprimendas do presidente e voltaram a ser convidados para eventos no Palácio. O momento de ousadia foi registrado no documentário “A Culpa é da Foto”, de André Dusek, Eraldo Peres e Joédson Alves, lançado em 2015.

Para Joédson Alves, diretor do filme, o episódio se tornou um símbolo de resistência para os jornalistas brasileiros. Apesar de ter ocorrido há mais de quatro décadas, a lembrança desse ato de bravura permanece viva na memória coletiva da categoria. A coragem e união dos fotógrafos credenciados no Palácio do Planalto naquele dia se tornaram uma referência para a profissão, inspirando gerações futuras.

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