Uma pesquisa realizada pela antropóloga Adriana Dias, falecida no ano passado, mostrou um aumento de 270,6% nas células de grupos neonazistas no Brasil entre janeiro de 2019 e maio de 2021, com mais de 530 núcleos extremistas identificados. Esses grupos propagam ódio contra feministas, judeus, negros e a comunidade LGBTQIAP+.
Outro levantamento destacado no relatório é o da agência Fiquem Sabendo, que aponta um número alarmante de 159 inquéritos abertos pela Polícia Federal por apologia ao nazismo entre janeiro de 2019 e novembro de 2020, superando o total de investigações abertas nos últimos 15 anos.
Além disso, o relatório do CNDH ressalta a recepção e processamento de 14.476 denúncias anônimas pela Central Nacional de Crimes Cibernéticos em 2021, evidenciando a gravidade da situação. Também são mencionados casos em que artefatos nazistas foram apreendidos, bem como ataques a escolas com símbolos neonazistas.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU deve discutir essas questões em sua próxima reunião, em Genebra, no final de junho. O CNDH está elaborando um relatório final em parceria com a relatora especial Ashwini K.P., com apoio de uma comitiva que irá visitar Santa Catarina a partir desta quarta-feira (10), em busca de mais informações sobre a presença neonazista no país.
Santa Catarina, especialmente a cidade de Blumenau, tem sido identificada como uma região preocupante, com 63 células neonazistas mapeadas. A comitiva do CNDH irá se reunir com autoridades locais, instituições e especialistas para debater estratégias de combate a essa ideologia. Uma das ações a serem tomadas é a aplicação de um Questionário de Evidências para identificar elementos relacionados à disseminação do neonazismo. A situação é grave e exige atenção imediata para evitar danos maiores à sociedade brasileira.