STF proíbe perfilamento racial em abordagens policiais em todo o país, decisão foi tomada após caso de condenação baseada na cor da pele.

O Supremo Tribunal Federal (STF) tomou uma decisão histórica nesta quinta-feira (11) ao considerar ilegal o uso de perfilamento racial nas abordagens policiais em todo o território nacional. O julgamento foi motivado pelo caso de um homem negro que alegou ter sido condenado com base na cor da pele, um marco importante no combate ao racismo institucional no Brasil.

De acordo com a decisão da Corte, a abordagem policial não pode ser pautada em critérios de raça, orientação sexual, cor da pele ou aparência física. Os ministros ressaltaram que a busca pessoal deve fundamentar-se em elementos que indiquem posse de arma proibida ou outros objetos ilegais, evitando assim a discriminação racial nas práticas policiais.

O caso em análise envolveu um homem abordado por policiais em uma esquina de Bauru, São Paulo, portando 1,53 gramas de cocaína. Ele foi condenado a quase três anos de prisão por tráfico de drogas, e no boletim de ocorrência os policiais descreveram o suspeito como “um indivíduo de cor negra em cena típica do tráfico de drogas”, o que evidencia o perfilamento racial no caso.

Apesar de reconhecerem a ilegalidade do perfilamento, a maioria dos ministros do STF considerou não ter havido irregularidades nesta situação específica. Para eles, outros elementos foram levados em conta na investigação, como a presença do acusado em um ponto de venda de drogas e sua conduta suspeita diante dos policiais.

No entanto, houve divergências entre os ministros. Enquanto a maioria considerou que o caso não configurava perfilamento racial, o relator Luiz Fux discordou e destacou que a descrição do boletim de ocorrência mencionava a cor da pele do indivíduo como fator primordial, o que não deveria ser aceitável.

A decisão do STF representa um avanço no combate ao racismo estrutural e na defesa dos direitos individuais dos cidadãos, reforçando a importância de um sistema judiciário justo e imparcial para todos os brasileiros.

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