Nudedh busca informações sobre impacto das operações policiais na Maré e pede esclarecimentos às secretarias de educação e saúde

O Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro está realizando um levantamento sobre o impacto das operações policiais no Conjunto de Favelas da Maré, na zona norte da cidade. Além de promover uma reunião com representantes de associações de moradores e ministérios, o Nudedh está buscando esclarecimentos do judiciário sobre os prejuízos causados pelas ações policiais.

A Defensoria Pública do Rio informou que o Nudedh está coletando dados sobre o impacto da violência nos estudantes e na saúde mental dos moradores da Maré. Somente entre os dias 9 e 18 de outubro, foram realizadas sete incursões policiais na região. A subcoordenadora do Nudedh, defensora Maria Júlia Miranda, destacou a preocupação em relação ao funcionamento das escolas e unidades de saúde durante as operações. Até mesmo as universidades federais tiveram que suspender as aulas.

O Nudedh solicitou à Justiça que envie ofícios às Secretarias estadual e municipal de Educação e de Saúde, a fim de obter esclarecimentos sobre os prejuízos causados pelas operações policiais na Maré. O pedido expõe que as ações das forças de segurança têm interrompido serviços essenciais, como o funcionamento das escolas e postos de saúde.

O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, afirmou que a participação das forças de segurança federais não ocorre dentro das comunidades, mas sim no apoio às polícias estaduais nas estradas federais e em aeroportos e portos. A Polícia Federal realiza ações de inteligência. No entanto, a Defensoria Pública rebateu essa afirmação, destacando que o discurso sobre a atuação das forças federais mudou ao longo do mês de outubro.

O Nudedh ressalta que as ações policiais na Maré causam um impacto significativo na vida dos moradores e compara essas operações com a recente ação da Polícia Federal na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, na qual não houve interrupção das aulas e atendimento médico. A Defensoria pediu esclarecimentos às secretarias de educação e saúde sobre as medidas adotadas para proteger os estudantes e usuários dos serviços durante as operações.

Segundo a ONG Redes da Maré, cerca de 13 mil alunos foram afetados pela falta de aulas na região. O Nudedh considera que esses números são alarmantes e que ainda estão subestimados. O projeto Prato Feito Carioca, da Prefeitura do Rio, que fornece refeições diárias, também teve que ser suspenso com as operações.

A Defensoria Pública destaca que é importante investigar e analisar o impacto da violência e das operações policiais na Maré, especialmente em relação à reposição das aulas e aos exames de diagnóstico de saúde. A ação movida pelo Nudedh é parte de um processo que busca impedir violações de direitos durante as operações na região.

A Agência Brasil solicitou informações às secretarias estaduais e municipais de educação e saúde, mas somente a Secretaria de Estado de Educação respondeu, informando que duas escolas tiveram suas atividades suspensas preventivamente por quatro dias, afetando aproximadamente 850 alunos.

O Nudedh também acompanhou uma reunião da ONG Redes da Maré em Brasília, onde discutiram as incursões das forças de segurança na região.

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