Líder indígena pataxó hã-hã-hãe é assassinado a tiros no sul da Bahia em emboscada durante retorno para sua aldeia.

O assassinato de um cacique do povo pataxó hã-hã-hãe chocou a comunidade nesta quinta-feira (21), na entrada da Aldeia do Rio Pardo, no município de Pau Brasil, sul da Bahia. Lucas Kariri-Sapuyá, de 31 anos, era dirigente estadual da Rede Sustentabilidade e agente de saúde do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) do estado. Ele foi cercado em uma emboscada, por dois homens encapuzados, quando retornava à sua comunidade, com o filho na garupa da motocicleta.

A região da Reserva Indígena Caramuru-Paraguassu é marcada por conflitos e invasões motivadas pelos interesses de fazendeiros e posseiros. A estrada onde o cacique foi assassinado também é conhecida por ser o local onde, em 1988, o líder pataxó João Cravim foi executado, fazendo o mesmo trajeto de Lucas. Cravim era irmão de Galdino Jesus dos Santos, que foi queimado vivo em Brasília em 1997.

Lucas Kariri-Sapuyá, deixou três filhos e a companheira e estava planejando concorrer ao cargo de prefeito nas próximas eleições. O partido ao qual era vinculado emitiu nota exigindo a apuração das circunstâncias em que ele foi morto e acompanhamento por parte do governo federal.

Nas redes sociais, pessoas que conheciam o cacique o descreveram como alguém “aguerrido e corajoso”, “mobilizador de esportes na comunidade” e “defensor da educação escolar indígena”. Lucas Oliveira, como era chamado por seu nome não indígena, também integrava o Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba).

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) se manifestou em nota declarando que o caso provocou indignação e destacou que a vítima dedicou sua vida à incansável defesa de seu povo. A Funai solidarizou-se com familiares, amigos e o povo Pataxó Hã-Hãe-Hãe. A organização declarou compromisso com a justiça e acompanhará de perto as investigações para identificar e responsabilizar os autores desse crime.

O Ministério dos Povos Indígenas também lamentou o ocorrido e se comprometeu a acompanhar as investigações para que os responsáveis sejam identificados e responsabilizados. A Secretaria da Segurança Pública da Bahia informou que já está tomando providências para apurar o caso, emitindo guias periciais e realizando oitivas e diligências investigativas em conjunto com equipes da 6ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin) de Itabuna para identificar a autoria e motivação do crime.

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